Violência é um tema que
aparece frequentemente no dia-dia na escola. Conforme o Ministério da Saúde (2010), a
raiva, os desejos não atendidos, a espera e a dificuldade em aceitar o não, vários
são os motivos que geraram conflitos entre crianças, adolescentes e adultos.
Vivemos em uma sociedade onde
prevalece o individualismo. Compartilhar, colaborar e compreender já não é uma
prática cotidiana. Convivemos mais com a tecnologia do que com nossa família e
amigos.
Os avanços tecnológicos
fizeram com que a sociedade se tornasse além de individualista, também
materialista e ocupada demais para cultivar o afeto. O sentimento pelo próximo
aos poucos vai se perdendo, pois deixou de ser cultivado. O trabalho em equipe
é raridade, assim como o pensamento voltado ao bem comum. Com isso, a violência
vai tomando conta da sociedade.
A infância é uma fase onde
ocorre a formação da personalidade, moral, ética e a incorporação dos valores
básicos. A violência contra a criança gera uma distorção dos valores. Isso gera,
por consequência, uma influência nas atitudes podendo prosseguir com o
comportamento violento com as futuras gerações. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010, p.
36).
A Escola ainda é uma
intermediária na relação aluno e família. O ambiente escolar esforça-se para
manter valores de respeito através do aprendizado, ao mesmo tempo em que busca
compreender e auxiliar o aluno que, por algum motivo, causa desordem.
A partir disto, preocupamo-nos
em encontrar alguma forma de reconstruir um ambiente agradável de aprendizado
através da abordagem dos jogos cooperativos. Este é um resgate aos valores e as
relações sociais saudáveis. Carinho, ajuda, atenção, diversão são mutuamente
trocados entre os que participam.
Boas atitudes geram uma “corrente”,
fazer bem a alguém fará com que este alguém se sinta motivado para retribuir da
mesma forma. Trabalhar valores na fase da infância e adolescência fará com que
isto se torne parte da personalidade do indivíduo, ou seja, será levado adiante
e ensinado às próximas gerações.
INTERVENÇÃO NA ESCOLA
·
Árvore
da esperança: Um tronco de árvore com galhos secos desenhado no papel é colado
na parede da sala. Ao final da aula de Educação Física, uma vez por semana, os
alunos são reunidos para refletir sobre a aula. Pontos positivos e negativos
são apontados, a partir disso, aos alunos que se disponibilizaram, um papel em
formato de folha foi entregue para que nele eles escrevessem alguma palavra boa
que defínira a aula. Essas folhas foram levadas até a sala e coladas nos galhos
da árvore.
·
Painel
das boas ações: Um painel decorado foi preso à parede da sala de aula. Ao final
da aula de Educação Física, uma vez por semana, os alunos recebem um papel
colorido para escrever algo de bom que fizeram durante a semana, uma boa ação.
Feito isso, o papel foi colocado no painel, lido e comentado com a turma.
·
Anjo
da guarda: Em duplas, um sendo o anjo da
guarda e o outro o seu protejido. O protejido foi vendado sendo guiado pelo seu
anjo da guarda pelo caminho. O objetivo da atividade foi incentivar a
confiança, o sentimento de carinho e preocupação com o colega.
·
Nó
humano: Os alunos dão-se as mãos e observam quem é a pessoa a sua direita e
esquerda. Em seguida, soltam as mãos e caminham livremente pelo espaço. Quando
o orientador dar o sinal, os alunos deverão parar onde estavam e, tentando não
sair do lugar, terão que dar as mãos para as mesmas pessoas de antes. Feito um
nó de mãos, braços e pernas, os alunos terão que encontrar alguma forma de
voltar ao circulo normal sem soltar as mãos.
No dia 11 de maio, o 6o
ano vivenciou a abordagem dos jogos cooperativos. Em duplas, o anjo da guarda
ia conduzindo seu amigo (com olhos vendados) por um caminho de pedras. Confiar
no seu anjo da guarda era a única saída, uma vez que não enxergavam absolutamente
nada. Degraus, buracos, galhos no caminho, postes, era dever do anjo da guarda proteger
e guiar seu parceiro até o final do percurso fazendo com que este se sentisse
seguro e acolhido. Muitas risadas, algumas “trombadas”, mas no final, todos se
divertiram e compreenderam o objetivo da atividade.
Um ambiente agradável também é
importante para desenvolver relações saudáveis. Nada mais agradável do que um ambiente
ao ar livre, coberto de grama e arvores que se balançavam com um leve vento em
um dia belíssimo. La os alunos seguiram com as atividades.
Em uma das brincadeiras
nota-se claramente a dificuldade de falar palavras de carinho. Em um círculo,
cada aluno deveria ficar dentro de um bambolê, exceto um dos alunos. O aluno
sem o bambolê parava na frente de um colega e dizia “EU GOSTO DE VOCE!” o seu colega
perguntava “POR QUÊ?”, em seguida, qualquer coisa poderia ser respondida, por
exemplo, uma cor de roupa, uma característica e assim por diante. Aqueles que se
identificavam com o que foi dito deveriam correr e trocar de lugar. O aluno que
ficasse sem lugar deveria ir ao centro do círculo.
À medida que vamos crescendo,
vamos nos fechando para os sentimentos, vamos nos tornando mais sérios não nos
permitindo falar sobre amor. O contato físico, abraço, carícia ou um beijo de
amizade, é algo que está sendo esquecido nesta sociedade, ou então, torna-se
malicioso na mente daqueles que não entendem o que é amor.
Neste sentido, a atividade do
nó humano nos possibilita mostrar as crianças e as pessoas que o toque é
carinhoso e respeitoso, é normal e é nossa manifestação de afeto. Dar as mãos,
encostar os braços nada tem de errado. Na atividade, os alunos deram as mãos
formando um círculo, soltaram e caminharam em várias direções, em seguida,
tiveram que dar as mãos para os mesmos colegas de antes. Agora, o desafio era
desfazer o nó feito pelas mãos dos colegas. Para isso, teriam que virar-se,
passar por cima dos braços dos colegas, tudo isso de forma respeitosa e
trabalhando em equipe.
Ao
final da aula, os alunos responderam a três perguntas, sobre as quais
refletimos.
·
O que sentiu ao ser guiado?
“Um pouco
inseguro, mas com alegria, também pensei muito como é ser cego, e muito
mais...”.
“Me
senti segura mas senti também como é ser um cego”.
“Foi
bem legal, mas meio estranho, me senti insegura, por que não sabia onde
pisar.”.
·
O que sentiu ao ser o anjo da guarda de alguém?
“Me
senti uma pessoa boa em estar protegendo minha colega de tudo.”.
“Foi
bom pois parecia que nós era um anjo mesmo, parecia que nós era responsável,
uma coisa boa e legal. Parecia que éramos pais daquela pessoa.”.
“Me
senti responsável, senti alegria, dei muita risada, me senti um anjo da
guarda.”.
·
Você gostou de cooperar?
“Muito
legal, gostei das atividades de cooperação, porque sozinho nunca chegamos ao
mesmo destino.”.
“Eu
gostei muito porque ninguém brigou como sempre acontece em uma aula normal.”.
“Foi
legal porque aconteceu várias embolações e eu prefiro qualquer, porque tem
gente que quando ganha fica jogando na nossa cara.”.
O desenvolvimento depende de história e contexto. Cada
pessoa desenvolve-se dentro de um conjunto específico de circunstâncias ou
condições definidas por tempo e lugar. Os seres humanos influenciam seu
contexto histórico e social e são influenciados por eles. Eles não apenas
respondem a seus ambientes físicos e sociais, mas também interagem com eles e
os mudam. (PAPALIA, 2006, p.49).
“Na escola, é preciso resgatar os
valores que verdadeiramente socializam, privilegiam o coletivo sobre o
individual, garantem a solidariedade e o respeito humano e levam a compreensão
de que o jogo se faz com o outro e não contra o outro.” (OLIVEIRA, 2001).
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA,
Savio Assis de. A reinvenção do esporte:
possibilidade da pratica pedagógica. Campinas, SP. Editora Autores Associados.
2001, p. 209.
PAPALIA,
Diane E. Desenvolvimento Humano. 8.
ed. ARTMED® EDITORA S.A. São Paulo. 2006. 873 p.
Escrito e realizado por:
E.M.E.I.E.F JUSCELINO
KUBITSCHECK DE OLIVEIRA
COORDENADORA
SUBPROJETO DE EDUCAÇÃO FÍSICA (São Miguel do Oeste): ANDRÉA JAQUELINE PRATES
RIBEIRO
SUPERVISORA DE EDUCAÇAO FISICA: SIRLEI MARTINS FERRASSO
BOLSISTA: DAIANE ALTENHOFEN
PROFESSOR COLABORADOR: ÉRIC CHARLES NOVELLO
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